HOT100

sinopse para o programa da estreia

The Hot One Hundred Choreographers
Inspiração: The Hot One Hundred, obra do pintor Peter Davies.

O artista escocês Peter Davies elaborou uma série de pinturas nas quais figuram textos que tomam a própria arte como assunto, fazendo dela sujeito e matéria para discutir o papel do artista na definição da cultura pop. Nesses text paintings, Davies transportou para as telas alguns de seus rankings pessoais. The Hot One Hundred é sua lista particular de cem grandes artistas. Trata-se de uma grande e multicolorida lista encabeçada pelo videoartista norte-americano Bruce Nauman (o número 1) e fechada pelo pintor inglês Ivon Hitchens (o número 100). Na linha correspondente a cada nome citado, encontram-se os títulos da(s) obra(s) ou indicações sobre o trabalho do artista listado.

O espetáculo The Hot One Hundred Choreographers tem como ponto de partida esta obra de Davies, e propõe realizar uma troca entre lista e forma orientado pelos estudos de Umberto Eco em seu livro A vertigem das listas, que reflete sobre como a ideia dos catálogos, listas, enumerações e inventários mudou ao longo dos séculos e como essa mudança foi expressa por meio da literatura e das artes visuais, conferindo outros entendimentos organizacionais e perceptivos às listas. A lista proposta nesta peça coreográfica não garante lugar fixo e nem valoração por números do conteúdo selecionado para estudo e criação. A peça recorta ao mesmo tempo que solicita uma série de et ceteras, pois navega por um turbilhão de referências fragmentadas.

Além da proposta cênica, o projeto apresenta um site que disponibilizará a lista dos cem coreógrafos-obras listados nesta criação. Vale destacar que o modo como a lista será apresentada no site, recebe o mesmo tratamento conceitual da proposta coreográfica. O endereço para conferir a lista é: www.hot100.cristianduarte.net

“A seu modo, as listas práticas representam um forma, pois conferem unidade a um conjunto de objetos que, por mais desconformes que sejam entre si, obedecem a uma pressão contextual, ou seja, são aparentados por estarem ou serem esperados todos no mesmo lugar ou por constituírem o fim de um determinado projeto...Uma lista prática nunca é incongruente, desde que se identifique o critério de inclusão que a regula”.
Umberto Eco em A vertigem das listas.